quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Velho gaiteiro.

Velho gaiteiro.

Hoo gaiteiro velho.
Como é bonito te ver tocar.
Mesmo com o peso do tempo no lombo.
Quando coloca essa gaita sobre o joelho.
Ainda faz prenda e peão,pela sala dançar.



No toque firme, da moda gaúcha.
Faz tremer o chão.
Com o pé batendo no compasso.
No intervalo do refrão, ainda sacode a mão.

      Hoo velho gaiteiro,
      Como é bonito te ver tocar.
      Meio sem fôlego, arrisca um cantiga.
      E sem perder o tom, puxa uma velha canção.
      Mesmo sem fôlego canta igual.
      Porque o som já vem lá de seu crioulo coração.

           No fim da moda bem campeira.
           Olha e se surpreende.
           Pois a sala se encheu por inteira.
           E todos ainda loucos, para começar mais uma folieira.

                Gaiteiro velho, olha meio de lado.
                Seu dedos já meio entrevado.
                Carca no fole e lasca mais uma vanera.
                E com um jeitão meio loco.
                Diz que quer ver todos, fazer mexer a meleira.

                      E nesse tranco.
                      Meio tocando.
                      Meio cantando.
                      A folieira vai passando.

                             Até a prenda e o peão, não cansar do entrevero.
                             A luz não apaga do candeeiro.
                             Nem a sanfona para de urrar.
                             Nas mãos do velho gaiteiro.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Velha tapera.

Velha tapera.

Hoje acordei cedito.
Olhei o tempo, seu jeito.
Para ver se hoje era o dia.
Que a saudade eu mataria.

Bebi meu chimarrão.
Junto com o canto do galo.
E com ansiedade loca.
Sai junto com a escuridão.

Na estrada ia andando.
Coração pulando.
A saudade é tão forte.
Que sem querer, me pego chorando.


      Ao chegar na velha porteira.
      Até o vento parece ficar mais lento.
      E a saudade fica a me conhecer.
      Em cada lado, em cada canto.

             Logo depois da porteira.
             Queria ver a velha tapera.
             E para meu triste espanto.
             Tudo caído, tudo ao relento.

                    Meus olhos parece não acreditar.
                    Que ali nesse sagrado lugar.
                    Onde corri, pulei e muito brinquei.
                    Nada mais existe para olhar.

                               Fechei os olhos e refiz em pensamento.
                               O galpão, a casa e o pomar.
                               Mas a saudade me esporeou por dentro.
                               E ali mesmo onde era o velho alambrado.
                               Desabei-me em chorar.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Ser Gaúcho

              














                                                            Fui modulado e criado à moda gaúcha.
                                                            Em uma cama bem campeira.
                                                            Ao fundo um belo fogo de chão.
                                                            Embalando a paixão de corações.


                                                      Da união da mais bela prenda.
                                                      Com o mais belo peão.
                                                      Nasce um guri escritor.
                                                      Orgulhoso de nesse estado    
                                                      Ser morador.

                                          Sobre o céu azul                                                                                                                  Desse meu querido pago.
                                          Recebo minhas inspirações.

                            Mesmo com a neve no inverno,
                            E toda sua frieza.
                            Seja em qualquer paisagem.
                            Vejo uma real beleza.

               As chuvas de verão.
               Serena, acaricia o chão.
               No outono, o cair das folhas.
               Realça um clima paixão.

Ser gaúcho é ser diferente.
É ir dormir com o clarão da lua.
E acordar antes do sol nascer.
Espera-lo na varanda, só para dizer.
Mas bah tchê, que dia lindo hoje vai ser.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Dia de Peão

Dia de Peão


Os Peões de minha estância.
Levantam cedito.
Dá logo uma espiadinha.
Para ver ao longo do campo.
A geada bem branquinha.

É o inverno, efeito da friagem.
Que causa a  fria geada.
Cobrindo a relva tudo de gelo.
Ao longo da madrugada.




O Peão veste seu pala.
Para enfrentar o frio.
Que por vezes é tão intenso.
Congelando até a água do rio.

Depois, sorrindo faceiro, encilha o cavalo.
E sai para a lida campeira.
Se despede de sua linda Chinoca.
Que lhe abana, já com saudade, de cima porteira.

Parte galopando e ao lado seu cusco.
Melhor amigo e companheiro.
Que é fiel, não lhe abandona.
Sempre perto, na quarda, o dia inteiro.

A tardinha a linda Chinoca.
Se arruma, se enfeita, fica toda bonita.
Coloca água de cheiro e flor no cabelo.
E põe seu mais bonito vestido de chita.

A trotito vai  sorridente esperar a volta.
Do seu Peão muito amado.
Que ao chegar sente logo o desejo.
E de maneira gaucha dá-lhe um beijo.
Ali mesmo na beira do alambrado.

Depois lá dentro, no aconchego, do velho rancho.
Ficam, no calorzinho, em volta do fogão.
Proseiam,  saboreando um gostoso chimarrão.
Entre causos e prozas, esta a satisfação.
E a honra de ser gaúcho, e viver a tradição.

O sol vai se escondendo no horizonte do pampa.
A chinoca prepara uma janta baguala.
O peão pega sua linda chinoca pela mão.
O resto da noite, será brindada.
Em uma cama, pena, palha em forma de colchão.

Lidas do campo.

Lidas do campo.

Sou gaúcho de fronteira.
Sempre de bombachas.
Na mão a cuia de chimarrão.
Fazendo-me digno a tradição.

Peleio nesse pago, desde criança.
Na lida sou gaúcho forte.
Mesmo quando o sol dá lugar a noite.
Sigo na lida com esperança.

Dos campos, da lida.
Sustento a gurizada.
Que de laço a laço aprendem,
Os costumes da querência amada.

A ordem é seguir a risca.
Nossa tradição amada.
Porque da luta fomos criado.
E da luta vivemos a vida.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Gaúchinho.

Gaúchinho.

Sabe mocinha, sou apenas um piá. 
Um pequeno gauchito
Sou baixinho, mas de macho tenho jeito.
Por isso não tenho medo de grito.
          
De bombacha e chapéu.
Com meu lenço no pescoço. 
Podem dizer que sou grosso.
Mas honro a tradição debaixo desse céu.
 
Para as meninas de minha cidade. 
Sou charmoso essa é a verdade.
Mas apesar de minha pouca idade.
Se bobear, prendo seu coração, em minha grade.

Mas não se assuste.
Mocinha faceira.
Rápido vou crescer.
Para sua alegria.

Vou muito estudar.
Para um dia ser doutor
Mas sempre vou levar seu amor.
Para um dia voltar.
E ser seu domador.

Saudade baguala.










Nestas campereadas que faço.
Às vezes me perco em recordações.
De momentos mágicos de minha vida.
Guardados em lembranças no coração.

Mas hoje está campereada não está completa. 
Sobra tristeza e falta gente nesta roda. 
Como se essas pessoas amigas tivesse se perdido.
Ficado ali no horizonte, acampado.
 

Conto, um a um, esses índios guapos.
Amigos que passaram na tropeada deste meu viver.
Vejo com pesar e amargura
Que muitos ficaram pelo caminho, não posso mais ver.

Hoje deixaram de andar comigo. 
De charlear, cantar, matear.
Em outra cidade ou no céu estão a campear.
Deixando só rastro de saudade dos quais eu sigo.

A noite despacito vem chegando.
E o manto negra cobrindo a tarde serena.
No peito o coração mais um dia aguentando.
Essa saudade baguala, mas agora já mais serena.

Guria.

Guria.


Teu calor é como fagulha. 
Braseando num fogo de chão. 
Secando-me das angústias
De uma chuva de solidão. 

Teus olhos, duas estrelas candentes.
Chamarisco para meus desejos. 
Verdes brilhos que se apagam.
Sob a nuvem dos meus beijos. 

Tua boca é uma cacimba
De saliva cristalina. 
Mata minha sede de amor. 
É uma vertente que não termina. 





Teus cabelos cor de ouro.
Ondulados nos lançantes.
Onde meus dedos galopam
Na ansiedade dos instantes. 

Tuas mãos, casal de garças. 
Em meu corpo vem pousar
Para infinitas emoções buscar. 
Na leveza de seu velejar.